Entrevista com Marina Fisher Nucci

sábado, 11 de dezembro de 2010

O sexo do cérebro

Autora do trabalho “O sexo do cérebro: uma análise sobre gênero e ciência”, a cientista social Marina Fisher Nucci, pesquisadora do CLAM, doutoranda do Instituto de Medicina Social (IMS/UERJ) e professora do Curso de Especialização em Gênero e Sexualidade (EGeS), foi uma das premiadas na categoria “Mestre e estudante de Doutorado” do concurso “Construindo a Igualdade de Gênero”, do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). No trabalho, fruto de sua dissertação de mestrado no IMS (orientada pela profa. Jane Araujo Russo), Marina buscou investigar e discutir concepções acerca do gênero e da sexualidade na produção científica e biomédica contemporânea e as teorias naturalizantes e biologizantes sobre orientação sexual e gênero, usadas para “explicar” as diferenças entre homens e mulheres e entre hetero e homossexuais (Clique aqui e veja uma lista de estudos neurocientíficos sobre orientação sexual e identidade de gênero).

“Procuro mostrar a forma como essas teorias são construídas, como as pesquisas são feitas, como surgem e o que elas tentam provar”, explica a pesquisadora. Uma delas é a teoria do hormônio pré-natal, surgida na universidade de Kansas (EUA) no final da década de 1950, a qual apregoa a idéia de que o cérebro é masculino ou feminino. “Então, por exemplo, a mulher transexual (o homem que nasceu com o sexo biológico masculino e se tornou mulher) teria, segundo essa teoria, um cérebro feminilizado. Um cérebro de mulher num corpo masculino. Tal ideia até hoje é muito difundida, havendo muitas pesquisas sobre ela”, afirma Marina.

Várias autoras feministas criticam essas pesquisas. Em “O sexo do cérebro”, Marina Nucci utiliza algumas delas, como Londa Schiebinger, Anne Fausto-Sterling, Marianne Wijingaard, além de Nelly Oudshoorn, autora que, na década de 1970, ficou famosa por criticar a teoria dos hormônios, segundo a qual os hormônios, e suas conexões com o cérebro, determinam o comportamento frente ao sexo oposto e a inteligência de homens e mulheres. “Há uma extensa crítica feminista a essas pesquisas. Essas autoras podem ser chamadas de feministas biólogas. São formadas em ciências biomédicas e fazem uma crítica de dentro da ciência”, relata a pesquisadora, na entrevista a seguir.

A 6ª edição do Prêmio “Construindo a Igualdade de Gênero” é uma iniciativa do CNPq juntamente com a Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM/PR), Ministério da Educação (MEC) e o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (UNFEM). No total foram 4.560 trabalhos enviados para concorrer ao prêmio. Os vencedores recebem esta semana as premiações em dinheiro, computadores e bolsas de estudos. Para ler o artigo premiado, clique aqui

São muitas as pesquisas e teorias biomédicas que procuram explicar por bases biológicas as diferenças entre homens e mulheres e entre heterossexuais e homossexuais?

Há muitos estudos e trabalhos recentes. As pessoas tendem a achar que isto é uma coisa antiga e que foi abandonada. Mas pesquisas do tipo estão sendo feitas até hoje. Na minha pesquisa, analisei pesquisas recentes, de trabalhos publicados de 1995 a 2009.

O que elas normalmente apregoam?

Elas procuram buscar marcadores biológicos do gênero. Há pesquisas que vão observar criancinhas brincando com carrinhos ou bonecas e vão falar se as meninas brincam mais com carrinhos ou bonecas, e se os meninos brincam mais com um ou com outro. De acordo com esses estudos, isto seria um indicativo do grau de feminilidade ou masculinidade dessas crianças.
Existem várias pesquisas que focam o tamanho do cérebro. Mas as pesquisas que eu analisei são mais direcionadas à configuração cerebral, menos focadas no tamanho em si e mais no modo como o cérebro se organiza. Eu trabalhei a partir da idéia de Thomas Laqueuer sobre dimorfismo sexual, surgida a partir do século XIX. Parto da crítica que Laqueur faz à ciência.

Ciência como algo temporal e socialmente construída?

Sim, a ciência não é neutra, é localizada. Ciência diz respeito à política e à sociedade de cada época. Segundo Laqueur, o que vigorava no século XVIII era um modelo de sexo único. Mais tarde, este modelo daria lugar à idéia de dimorfismo sexual. Então, num momento a ciência sustentava não haver diferenças, que os órgãos genitais femininos eram exatamente os mesmos, apenas localizavam-se no interior do corpo devido à falta de calor vital. Acreditava-se que, caso recebessem mais calor, as mudanças nas estruturas corpóreas fariam com que o corpo feminino passasse facilmente da categoria social feminina para a masculina. Nesse sentido, a natureza teria uma tendência de caminhar sempre para o sexo perfeito, o masculino, reforçando a superioridade masculina. É a idéia da hierarquia de gênero. Então, o homem é hierarquicamente superior à mulher. A mulher seria um homem imperfeito, um homem menor.

O que proporcionou a mudança na concepção da ciência?

Aí surge a idéia de que existem homens e mulheres completamente diferentes. São dois corpos completamente diferentes, são ossos diferentes, bacias de tamanho diferentes, nervos. Então, são seres diferentes. Eles são complementares, porém diferentes. Isso significa que há lugares diferentes para seres diferentes. A idéia que o Laqueur coloca é que essa idéia de dimorfismo sexual quer justificar o lugar inferior da mulher na sociedade.

Se antes não existia o dimorfismo sexual, anatomicamente falando, por que passou a existir? De onde surge a necessidade de diferenciar e hierarquizar?

Essa teoria aparece justamente na época em que o liberalismo surgiu, trazendo a ideia de que as pessoas são todas iguais e devem, por isso, ter direitos iguais. Então, a ciência surge para justificar esse lugar da mulher na sociedade, ou seja, a mulher como não portadora de direitos. As pessoas são todas iguais, mas a ciência vai legitimar as desigualdades e as hierarquias de gênero, colocando a mulher como inferior, sem direito ao voto, excluída da vida pública, e destinada ao lar e à maternidade. Esta justificativa biológica da diferença de gênero, dos papeis diferentes e do papel inferior da mulher na sociedade teve um grande impacto na vida política, econômica e cultural. E o movimento feminista vai questionar essa justificativa biológica da suposta inferioridade feminina.

O feminismo surge num primeiro momento como uma crítica?

Isso, ele surge com as teóricas feministas, mulheres que pensavam e escreviam sobre sociedade. A partir principalmente no final do século XX, elas partem de uma crítica à ciência, uma crítica à justificativa biológica para as diferenças de gênero.

As definições científicas do corpo feminino e, por extensão, do papel social das mulheres na hierarquia social, foram determinadas por uma comunidade científica da qual as mulheres praticamente não faziam parte. Ou seja, todas essas concepções de ciência em relação à diferença biológica entre homens e mulheres eram feitas por uma ciência masculina?

Isso, eram cientistas homens, as mulheres não tinham direito de estudá-las, não podiam fazer ciência. Estavam excluídas. Os resultados obtidos por essa ciência acabariam por justificar e legitimar ainda mais essa exclusão.

O que acabou por atrelar a mulher à função reprodutiva?

As próprias pesquisas médicas em que tudo que era relacionado à mulher era ligado à reprodução. Então, era como se a mulher só servisse para isso. A mulher não podia estudar, porque iria gastar energia à toa. Ela nunca iria se igualar aos homens, serviria apenas para a reprodução e, por isso, o corpo da mulher se torna mais medicalizado. É isso o que a pesquisadora Fabíola Rohden (UFRGS) fala em sua tese sobre o surgimento de uma ciência para a mulher – a ginecologia. Mas não vai haver uma ciência análoga aos homens, a andrologia, por exemplo. Até hoje a mulher vai muito mais ao médico do que o homem. Eles não freqüentam o urologista uma vez por ano, como a mulher vai ao ginecologista.

Por que o corpo feminino se tornou mais medicalizado que o corpo masculino?

Há algumas hipóteses. Porque quem fazia a ciência eram os homens, a mulher estava num papel inferior, a medicina serviu para justificar esse papel da mulher. Talvez por esse motivo a mulher seja mais medicalizada que o homem.

Em seu trabalho você analisa a idéia de que os hormônios, e suas conexões com o cérebro, determinem o comportamento frente ao sexo oposto e a inteligência de homens e mulheres?

Sim, analisei pesquisas que partem da idéia de que muita testosterona no útero vai criar um cérebro masculino e, conseqüentemente, um comportamento masculino. O menino, por ter recebido testosterona no seu desenvolvimento enquanto feto, vai querer brincar de carrinho, depois vai ser mais agressivo, mais racional, e terá mais habilidade para a matemática, por exemplo. Enquanto a menina, que não recebeu testosterona, seria mais empática, mais cuidadosa e cuidadora, e vai preferir brincar de boneca. Então, essas teorias vão afirmar que tudo isto que vemos como características de gênero são determinadas, ainda durante o desenvolvimento do feto, pelos hormônios pré-natais. Nelly Oudshoorn mostra que, quando as primeiras pesquisas sobre os hormônios começaram a acontecer, no início do século XX, a idéia era que existia hormônio masculino e hormônio feminino. Então, os cientistas foram medir o nível hormonal.

Que contexto cultural possibilitou o surgimento dessas pesquisas?

A idéia dos pesquisadores da endocrinologia, como a Nelly Oudshoorn mostra em seu livro, era que os hormônios sexuais eram masculinos ou femininos e ponto final. O problema é que, quando foram medir o nível de hormônio em homens saudáveis, foi encontrado o hormônio “feminino”, o que causou um grande espanto nos pesquisadores. Eles pensaram: “Como pode haver na urina de um homem normal um hormônio feminino”. Então, várias especulações surgiram, para justificar essa diferença dos corpos: na verdade, eles seriam “hermafroditas latentes”, ou teriam ingerido o hormônio, por exemplo.

A teoria do hormônio pré-natal explica também a diferença entre homossexuais e heterossexuais?

Segundo essa teoria, haveria um contínuo de “masculinidade” e “feminilidade” cerebral. Então, enquanto haveria um heterossexual com cérebro masculino, o homossexual teria um cérebro mais feminilizado ou menos masculinizado, por, supostamente, ter recebido menos testosterona durante o desenvolvimento do feto.

Você acredita que a biologia tem um papel preponderante na esfera política?

Acho que cada vez mais. desde o surgimento dos ideais de igualdade, deu-se mais importância à biologia e passou-se a pensar a ciência como algo puramente racional. A idéia difundida para o público leigo é que o que é determinado cientificamente não tem discussão.

Buscar na biologia a explicação do comportamento sexual ainda é uma tendência muito freqüente hoje em dia? Tais pesquisas não seriam maléficas no sentido que acabam por reforçar a ideia de “problema” e estigmatizar ainda mais comportamentos e identidades sexuais tidos como desviantes?

Toda hora vemos no jornal que “descobriram” o gene responsável pela transexualidade, por exemplo. Mas não podemos pensar a ciência como se esta fosse malvada, é preciso pensar de modo menos dualista, como se houvesse o bem e o mal.


Fonte: CLAM

Videoconferência Educação, Cidadania e Homofobia

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010


A Coordenação de Políticas para a Diversidade Sexual do Estado de São Paulo, vinculada à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, em parceria com a Fundação do Desenvolvimento Administrativo, da Secretaria da Gestão, promove na próxima quinta-feira (09/12), das 14 às 17 horas, a última da série de três videoconferências previstas para o mês de dezembro. O tema a ser abordado é Educação, Cidadania e Homofobia.

Para tratar do assunto, Janaina Lima, Beto de Jesus e William Siqueira Peres vão falar sobre a educação, cidadania e homofobia. Serão tratadas questões atinentes ao bullying homofóbico, violência simbólica no espaço educacional, intolerâncias às diferenças sexuais, desafios e conquistas da cidadania LGBT.

A videoconferência é parte integrante do projeto “A Conquista da Cidadania LGBT: a Política da Diversidade Sexual em São Paulo” e objetiva capacitar, em especial, os servidores públicos do Estado de São Paulo, conforme determina o Plano Estadual de Enfrentamento à Homofobia e Promoção da Cidadania LGBT, que define ações e metas a serem desenvolvidas por 11 Secretarias do Governo Paulista no biênio 2010-2011.

A apresentação ao vivo é aberta a todos(as) interessados(as). Basta acessar o link http://media.escolasdegoverno.sp.gov.br/diversidade. Durante a videoconferência é possível interagir com os entrevistados mandando sugestões e perguntas pelo endereço fundap.vc@fundap.sp.gov.br

Janaina Lima
Pedagoga, ativista e militante do Movimento de Travesti no Brasil. É Coordenadora do Fórum Paulista de Travestis e Transexuais. Integra o Identidade – Grupo de Luta pela Diversidade Sexual e a ANTRA – Articulação de Travestis e Transexuais.

Beto de Jesus
Educador e ativista do Movimento LGBT Brasileiro. Foi Secretario para América Latina e Caribe da International Lesbian, Gay, Bisexual, Trans people and Intersex Association. Atualmente é Diretor da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais e
coordenador do Instituto Edson Neris.

William Siqueira Peres
Psicólogo. Mestre em Psicologia pela UNESP/Assis. Doutor em Saúde Coletiva pelo IMS/UERJ. Pós-Doutor em Psicologia e Estudos de Gênero pela Universidade de Buenos Aires. Professor do Departamento de Psicologia Clínica – UNESP/Assis.

Videoconferência: legislação e saúde para LGBT: 07/12 das 14 às 17h

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A Coordenação de Políticas para a Diversidade Sexual do Estado de São Paulo, vinculada à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, em parceria com a Fundação do Desenvolvimento Administrativo, da Secretaria da Gestão, promove na próxima terça-feira (07/12), das 14 às 17 horas, a segunda, da série de três videoconferências previstas para o mês de dezembro. O tema a ser abordado é Direitos Humanos da População LGBT.

Para tratar do assunto, Dimitri Sales, Artur Kalichman e Roseli Tardelli vão falar sobre a legislação estadual voltada para a população LGBT, como a Lei 10.948/01, que pune a discriminação homofóbica, e o Decreto 55.588/10, que garante a travestis e transexuais o direito à escolha de tratamento nominal nos órgãos públicos do Estado de São Paulo. Além disso, questões de saúde, como a criação do Ambulatório Especializado em Saúde de Travestis e Transexuais, serão apresentadas.

A apresentação ao vivo é aberta a todos os interessados. Basta acessar o link http://media.escolasdegoverno.sp.gov.br/diversidade. Durante a videoconferência é possível interagir com os entrevistados mandando sugestões e perguntas pelo endereço fundap.vc@fundap.sp.gov.br


Dimitri Sales
Advogado. Mestre e Doutorando em Direito Constitucional pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Membro Colaborador da Comissão de Direitos Humanos e do Comitê de Estudos da Diversidade Sexual, órgãos da OAB/SP. É o Coordenador de Políticas para a Diversidade Sexual do Estado de São Paulo.


Artur Kalichman
Mestre em Medicina Preventiva pela Universidade de São Paulo, é médico sanitarista do Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids da Secretaria de Saúde (SP). Atualmente é Coordenador Adjunto e Diretor Técnico substituto do CRT – DST/Aids.

Roseli Tardelli
Jornalista e apresentadora de programas de rádio e TV, como Roda Viva, da TV Cultura, e Espaço Informal, da Rádio Eldorado AM, é fundadora e Diretora Executiva da Agência de Notícias da Aids e da Agência de Notícias de Resposta ao Sida, em Moçambique.
Fonte: Pagu

EUA: Universidade Yale ganha sua primeira revista LGBT

sábado, 4 de dezembro de 2010

Publicação quer se transformar em guia para os estudantes celebrarem a diversidade sexual.
Os universitários da Yale passam a contar a partir desta sexta-feira, dia 3, com a primeira revista LGBT da universidade.

Revista Q - Primeira publicação LGBT da Universidade Yale

Batizada de Q – da palavra Queer -, a publicação será distribuída semestralmente no campus da Yale sob edição de Jake Conway e Alice Song – alunos da turma de 2011.
“Sua missão é servir como um guia para estudantes no campus celebrarem o orgulho LGBT. O conteúdo da primeira edição, We Are Yale, traz experiências pessoais de dez estudantes que representam a diversidade e a vida gay em Yale; e uma revelação histórica sobre relacionamentos homossexuais em Yale na década de 19.”
A primeira edição da Q conta com tiragem de 2,5 mil exemplares. Os editores já pensam na próxima edição que também deve ser lançada online.
Fonte: Dolado

Deputado Jair Bolsonaro defende "palmada" para corrigir homossexualidade

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Deputado federal defende na TV agressões físicas para mudar "filho gayzinho"
INARA CHAYAMITI
DE SÃO PAULO

O deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), reeleito para a próxima legislatura, afirmou que caso os pais queiram mudar o comportamento de um filho homossexual é necessário recorrer a agressões físicas.

A "receita" do parlamentar foi dada durante um debate no programa "Participação Popular", na TV Câmara, que discutiu a "Lei da Palmada" --projeto de lei que proíbe qualquer punição corporal-- na última quinta-feira (18).

"Se o filho começa a ficar assim meio gayzinho, [ele] leva um couro e muda o comportamento dele", afirmou. Confira a declaração abaixo.


ENTREVISTA
Bolsonaro (ainda) é membro da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara.
"O pai tem o direito de dar umas palmadas no filho dele. Se o garoto anda com maconheiro, ele vai acabar cheirando, e se anda com gay, vai virar boiola com toda certeza. Nesse momento, umas palmadas nele coloca o garoto no rumo certo", disse por telefone.
Ele ainda afirmou que não é "um caçador de gays", mas acha um "absurdo" não ser permitido fazer piadas sobre eles. "Não venham querer se impor, achar que são uma classe a parte, que são privilegiados".
Fonte:  Folha.com

Movimento LGBT do DF organiza o Grito contra Homofobia


Motivados pela onda de ataques homofóbicos ocorridos recentemente em nosso país, inclusive em Brasília, ativistas homossexuais e entidades LBGT’s reuniram-se durante o Seminário “Escola sem Homofobia” na Câmara dos Deputados no último dia 23 de novembro e decidiram chamar a população em geral, mas especialmente a comunidade LGBT  brasiliense.

Na madrugada de sábado, P. e uma amiga psicóloga de 25 anos sofreram ataque homofóbico em frente a uma lanchonete na quadra comercial da 209 Norte, em Brasília.

Os dois amigos conversavam dentro do carro quando foram abordados por dois homens que aparentemente haviam ingerido bebida alcoólica. Um deles disse à psicóloga que estaria interessado por ela e a cantou. A mulher, no entanto, o dispensou. P. disse então, a ele, amenizando a situação: "Ela não quer, mas eu quero ficar com você".

Pelo relato de P., a partir dessa declaração, os dois, que até então estavam calmos, se tornaram agressivos e começaram a chutar o carro repetidas vezes, a ponto de amassar o veículo em vários locais.

"O amassado travou a porta, por isso não conseguiram entrar e me bater", denunciou a vítima. A agressão durou aproximadamente 10 minutos e só terminou quando o jovem pegou o celular para ligar para a polícia.

Em São Paulo e Rio de Janeiro os casos foram mais violentos e atitudes imediatas foram tomadas pelos agentes de segurança pública estatal. 

Cansados e indignados com todas essas manifestações de discriminação, preconceito e violência, decidimos que é imprescindível tomar as ruas para protestar e exigir a aprovação do PLC 122/2006, projeto esse que pretende criminalizar a homofobia, dentre outras formas de discriminação.

Conclamamos a todos e todas que como nós desejam que a diversidade seja respeitada e que acreditam que podemos construir uma sociedade onde não há mais lugar para o machismo, o racismo e a homofobia, que nos encontrem no próximo sábado, dia 27, às 15h, na quadra comercial da 209 Norte.

Tragam bandeiras, faixas, apitos, megafones, caixas de auto-falante, balões, batuques, confetes e serpentinas para agitar a nossa manifestação.

Esperamos por vocês, seus amigos, suas amigas, seus amores, sua família.

Movimento LGBT do Distrito Federal

Contatos:  Caio Varela – 9687-6725 | Evaldo Amorim - 8487-1315 / 9139-7400

Fonte: Elos LGBT

Entrevista com Fernando Seffner

domingo, 21 de novembro de 2010

Com fogo nas ventas
Que pacíficos que nada. "Os brasileiros têm pouca tolerância ao diferente", diz pesquisador gaúcho
MÔNICA MANIR

Um militar está detido por ter baleado um rapaz no Arpoador depois da Parada no Rio. O motivo suposto? O fato de esse rapaz ser homossexual. Cinco jovens de classe média agrediram três jovens na Avenida Paulista com socos, pontapés e lâmpadas fluorescentes. O motivo alegado? As vítimas os teriam paquerado. Ainda que, por enquanto, imagens não comprovem de vez coisa ou outra, o clima de suspeição levou a uma grita contra e a favor da discriminação sexual que envolveu manifestos, disparos no Twitter de lado a lado e discussão sobre o projeto de lei que propõe a criminalização da homofobia.

Estudioso das masculinidades, o professor Fernando Seffner entende que a discussão é seminal por levar à reflexão sobre violências e intolerâncias, sejam elas em espaços restritos como baladas universitárias, sejam elas em cenários públicos, como a avenida mais agregadora de uma metrópole. Repete que as diferenças continuam coibidas, e isso se estende até a contornos mais adiposos. "Como se diz nos Estados Unidos, os gordos são os novos negros." Nesta entrevista, com ele sediado na capital gaúcha, Seffner discorre sobre reações descabidas, experimentações da juventude e paradas gays. Tudo sob uma máxima de Foucault: "A verdade de cada um está muito ligada à verdade do sexo".

Aumentou a violência contra os gays? Ou temos dado mais destaque a isso nos últimos tempos?

Acho que temos uma mistura de fatores que promovem, sim, um aumento dessa violência. Um deles é a maior visibilidade dos indivíduos gays, que ajuda a provocar reações. Aqueles que ficam escondidos, que nunca dizem de si, são mais difíceis de ser interpelados. Claro que, se está todo mundo na Parada do Rio, dificilmente há reações contrárias. Estamos nos referindo a uma visibilidade de grupos menores ou de indivíduos, que ficam mais vulneráveis à agressão. Em segundo lugar, a nossa democracia tem permitido mais voz a quem tinha pouca. O melhor exemplo é o da violência contra a mulher. Temos tido uma explosão de denúncias. Existe a consciência de que o que antes não era denominado violência agora pode vir a ser.

Mas por que reagir com agressão física diante de um incômodo?

Como diz o antropólogo Luiz Eduardo Soares, temos a tradição no País de resolver as coisas na base da violência. Especialmente na questão das masculinidades, e não só no Brasil, seguimos com modos muito violentos de criação de garotos. Para virar homem no colégio, no jogo de futebol, na roda de amigos, o menino passa por uma socialização que envolve agressão simbólica, agressão física, brigas... Portanto, não me parece difícil entender que, na hora do aperto, o recurso seja esse.

Ser assediado por outro homem pode ser considerado um "aperto"?

Na hora em que um homem olha para outro homem com interesse erótico, não é só uma questão de dizer "Tudo bem" e ir embora. Infelizmente, esse olhar de interesse traz para alguns homens héteros, ainda mais na idade de que estamos tratando, a suspeição sobre a própria sexualidade. Não sou da linha de dizer que todo homem que bate em gay é uma bicha enrustida. Conheço sujeitos violentos e homofóbicos que, na verdade, tinham caso com outros homens, mas não é regra geral. O fato é que, se na saída da boate houvesse cinco mulheres, mesmo que mulheres grandes diante de guris magricelas, isso não seria considerado problema porque é reforçador da heterossexualidade. Das muitas reações que um homem pode ter, se ele é heterossexual e percebe que outro homem o olha com interesse, ir lá e socá-lo é o que não deve acontecer.

A agressão aos rapazes ocorreu na Avenida Paulista, cartão-postal que aglutina pessoas de todos os cantos da cidade e ponto de encontro de manifestações democráticas. A intolerância naquele espaço não lhe soa estranha?

Sim. Concordo contigo. Seria como comparar modestamente em Porto Alegre com a Esquina Democrática, na Borges de Medeiros com a Rua dos Andradas. Há alguns anos ocorreu uma agressão violenta ali, que foi muito comentada porque é um local com história de luta pela democracia. Mas temos no Brasil uma tradição de pouca tolerância no espaço público. As diferenças continuam coibidas. Primeiro porque vivemos numa das sociedades mais desproporcionais do mundo. Pouco se enfatiza o fato de nosso país estar entre os cinco mais desiguais. Isso provoca uma tensão na sociedade muito grande. Mas, ora, se não gosto de homossexuais, não preciso chamá-los para o jantar. Se não gosto de gordos - os gordos são os novos negros, como se diz nos Estados Unidos, em matéria de abjeção social -, então faço uma festa e não convido ninguém acima do peso. Mas o espaço público é o espaço da diferença. A gente precisa se entender.

A repercussão desse caso teria sido diferente se os agressores não fossem de classe média alta?

Acho que existem aí algumas armadilhas. Fica menos atraente para a imprensa e mais fácil de classificar quando é pobre agredindo rico e negro roubando de branco porque cai numa chave de compreensão do fenômeno à qual estamos acostumados. Mas o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) e a Secad (Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade) têm uma pesquisa, que coincide com outra feita pela Fundação Perseu Abramo, afirmando o seguinte: a homofobia diminui pouco com a escolaridade. Os indivíduos mais escolarizados têm tendência a responder às perguntas sobre aceitação da diferença sexual de forma politicamente mais correta, e só. Isso significa que para muita coisa a escola e a universidade fazem diferença, mas para essa questão, não. Muito provavelmente esses rapazes passaram por famílias, colégios, clubes, cursos de inglês e grupos de amigos onde o tema do respeito à diferença nunca foi claramente adotado.
Existe um outro levantamento, feito pela ONG carioca Conexão G, que mostra que diariamente pelo menos um homossexual é vítima de agressão nas comunidades carentes da cidade. Gays, lésbicas e travestis são espancados, ameaçados de estupro e até expulsos das favelas onde moram.
Vou dar um exemplo da cidade onde vivo. Os travestis, que em geral moram em lugares muito pobres de Porto Alegre, têm uma aceitação ali maior do que se imagina. Não são vistos como tão exóticos assim. Mas isso alimenta a ideia de que os pobres são mais solidários entre si, com o que não concordo. Acho que cada classe processa seu incômodo com essas diferenças. Nesse ponto sou bastante foucaultiano: a verdade de cada um está muito ligada à verdade do sexo. Posso saber tudo sobre fulano, e até estou pensando em votar nele para Presidente da República, mas, se revelarem que é gay, metade dos votos vai embora. Recuperando uma pesquisa da demógrafa Elza Berquó, o que efetivamente produz uma modificação no modo como as pessoas olham para os gays é alguém da família ou do círculo próximo de relações se assumir como tal. Ao fazê-lo, a pessoa obriga os outros a repensar seus valores. Não adianta olhar para a mãe de um menino, que está incomodada porque o guri é um pouco afeminado, e dizer: "Olha, o Rick Martin também é gay e se deu bem na vida". Rick Martin pertence ao Monte Olimpo. Agora, se o filho da dona de casa e do pedreiro, que moram vizinhos dela, se mostra bem com sua homossexualidade, a coisa muda de figura. Os pais conseguem perceber que existe um projeto viável de ser feliz sendo gay.

A Parada Gay ajuda nessa aceitação? Ou está mais para o espetáculo?

A Parada hoje é um evento entre o festivo e a visibilidade a qualquer preço. Ela tem um retorno econômico muito grande, um efeito cultural, mas é um pouco fogo de artifício. Basta ver o que aconteceu no Rio. A Parada terminou, e uns jovens ficaram se beijando no Parque Garota de Ipanema, no Arpoador. Já eram 23h e a polícia foi lá e deu uns tiros. O que é mais ou menos o recado da sociedade: "Olha, gente, acabou a Parada. A hora de se beijar, de andar de biquíni era aquela, agora não dá mais. Voltou a vida como ela é. Aqui não pode". Depois da Parada, o mundo volta a ser como é todos os dias: homofóbico. A Parada teria o efeito de amplificar, mas não que a luta se restrinja àquele dia. Para a minha linha de pesquisa, ela é interessante porque vejo ali, por exemplo, muita gente jovem assumindo a sua homossexualidade. O menino de 13 anos, a menina de 14 com a sua namorada. Essa é uma coisa que tento entender.

Esses garotos que estão se assumindo têm estrutura para isso? O projeto americano It Gets Better é uma reposta ao alto índice de adolescentes gays que tentam o suicídio.

O que noto é que hoje em dia você não entra em uma escola pública aqui do Rio Grande do Sul sem que veja ao menos um menino mais afeminado ou uma menina com uma feminilidade diferente. Podem ser gays ou não, não vou lá perguntar, mas acho que esse fenômeno é muito intenso numericamente. Existe uma faixa de adolescentes que se propõe a fazer algumas experimentações com a sexualidade, essa coisa que muito genericamente tem se chamado de "experiência queer". Alguns usam o termo bissexual para escapar dos rótulos. Mas nem sempre esses jovens têm estrutura para levar adiante a sua proposta. Para ilustrar, vi dia desses um guri magrinho que nem um dedo mindinho, ao lado do namorado dele, idem magrinho, falando sobre como é a situação familiar. Supercombativo, disse ter comunicado a mãe e o pai que ia namorar em casa porque a irmã fazia o mesmo com o namorado. Aí a mãe reagiu: "Mas tu não vê que seu pai fica incomodado e vai embora?" E o guri: "Não interessa. O meu pai que se ajeite porque eu vou namorar na sala". A minha vontade de homem de 54 anos é dizer: "Filhinho, não dá para ir um pouco mais devagar? Nem conheço o teu pai, mas chego a ficar com pena dele". Será que tem que ser assim?

A lei da criminalização da homofobia pode ajudar a diminuir o preconceito? Ou tende a acirrar a intolerância?

As leis têm uma consequência simbólica muito importante, e a que criminaliza o racismo é um bom exemplo. Sabemos que o número de pessoas processadas por racismo é pequeníssimo, mas essa lei fez com que as pessoas percebam que isso é crime. Uma lei semelhante, que é a que o movimento gay apoia, quer dizer o seguinte: constitui crime usar contra mim a minha preferência sexual, como constitui crime jogar na minha cara a minha cor de pele para me diminuir. Algumas igrejas querem fazer a opinião pública acreditar que não será mais possível criticar os gays. Na verdade, as pessoas poderão, em outros recintos, continuar não admitindo os homossexuais. Não tem nenhum problema. Isso é a sociedade civil. A legislação nunca considerou a homossexualidade crime nem doença. Não há motivo para retirar um homossexual do convívio social ou dizer que a pessoa não pode viver dessa maneira.

Fernando Seffner

Porfessor de Educação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Fonte: Estadão

1º Ovulário Lei Maria da Penha para Todas! no CEF 213 de Santa Maria

sábado, 20 de novembro de 2010

A Coturno de Vênus (Associação Lésbica Feminista de Brasília) e o Projeto Vidas Plurais, com apoio da DRE de Santa Maria, promovem o 1º Ovulário Lei Maria da Penha para Todas, no CEF 213 de Santa Maria. Será no dia 25 de novembro, dia internacional de enfrentamento à violência contra mulheres, com a seguinte programação:

Manhã:

08 às 10h - Palestra Lei Maria da Penha e os Desafios aos Direitos Humanos das Mulheres, com Flávia Timm, Coordenadora do Projeto Vidas Plurais

10 às 12h - Mini-curso Lei Maria da Penha em casos de lesbofobia, com Tatiana Nascimento e Melissa Navarro, Diretoras Colegiadas da Coturno de Vênus
Tarde:

13 às 15h - Palestra Lei Maria da Penha e os Desafios aos Direitos Humanos das Mulheres, com Lívia Gimenes, Coordenadora Colegiada do curso de formação Promotoras Legais Populares

15 às 17h - Mini-curso Lei Maria da Penha em casos de lesbofobia, com Tatiana Nascimento e Melissa Navarro, Diretoras Colegiadas da Coturno de Vênus
O Ovulário oferece 40 vagas por turno e a inscrição, gratuita e aberta a cursistas do Projeto Vidas Plurais, comunidade escolar e comunidade em geral, pode ser feita no formulário online disponível aqui, por email (projetovidasplurais@gmail.com) ou por telefone (61) 8431-6293 / (61) 9926-5515), até o dia 24 de novembro (para confecção dos certificados).
O CEF 213 fica na CL 213 lote G AE, em Santa Maria. A certificação será feita pela ONG Coturno de Vênus e o Ovulário tem carga horária de 4h por turno. Somente serão validadas uma única inscrição por turno – a mesma pessoa não precisa se inscrever nos dois!
A certificação será feita pela Coturno de Vênus, e para cursistas do Vidas Plurais as horas vão ser incluídas na carga horária total do curso. Inscreva-se pelo formulário de inscrição online!
Mais informações em: www.coturnodevenus.org.br

1º Curso de Formação Disseminando metodologias para o enfrentamento a violação de direitos entre meninas jovens e mulheres

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O curso vai acontecer de 27 a 30 de novembro de 2010. O evento é realizado em parceria entre as ONG Coturno de Vênus (DF) e Curumim (Pernambuco), para fortalecer a rede de jovens feministas no Distrito Federal e articular idéias e projetos, bem como trocas de experiências e criação de outras perspectivas nessa jornada pelo fim do sexismo lesbofóbico e racista.

O encontro será dividido nos eixos abaixo listados e explicitados na programação em anexo:         

1)  Protagonismo juvenil e movimentos sociais: quem somos, de onde viemos, o que queremos?  
2) Direitos Humanos e Cidadania: sem mulheres jovens, os direitos não são humanos!
3) Relações de Gênero: buscando raízes, plantando outras sementes.   
4) Direitos Reprodutivos: aborto, contracepção, concepção.           
5) Sexo seguro e com muito prazer.
6) Direitos sexuais parte 01: diálogos da vagina.       
7) Direitos sexuais parte 02: diversidade afetivo-sexual e identidades de gênero.
8) Diversidade religiosa e fundamentalismos nas fronteiras do estado laico.
9) Racismo.
10) Violência contra mulheres: Lei Maria da Penha em casos de lesbofobia. 

Haverá auxilio transporte e alimentação para as participantes. As atividades acontecerão no Setor Comercial Sul e na sede da Coturno de Vênus no Guará II.           

Para participar tem que preencher uma ficha de incrição.

Fonte: Elos LGBT

Vídeo produzido pela UFMG promove a diversidade sexual e combate a homofobia

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Em tempos inglórios para a comunidade LGBT, diante dos recentes acontecimentos agressivos contra gays no Brasil, vale a pena resgatar iniciativas positivas.

Enquanto a Universidade Mackenzie passa pela vergonha pública perante a atitude do chanceler da Universidade, Reverendo Dr. Augustus Nicodemus Gomes Lopes - que publicou manifesto contra o PLC 122, projeto de lei que visa criminalizar a homofobia em todo o país -, a UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais - dá o exemplo oposto.

A homofobia já é crime no estado de Minas Gerais desde 2002, através da Lei Estadual 14170/02, e em maio de 2009 a UFMG lançou um vídeo institucional produzido pelo GUDDS - Grupo Universitário em Defesa da Diversidade Sexual -, ligado ao NUH - Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT/UFMG.

Apesar de já estar rodando no YouTube há mais de um ano, a relevância do vídeo continua indiscutível, principalmente no momento em que acontece a homofobia do Mackenzie. No vídeo da UFMG, personalidades mineiras dão seu depoimento, como a cantora Fernanda Takai e o ator Odilon Esteves.

Os depoimentos presentes no vídeo são baseados nos Princípios de Yogyakarta, que orientam a aplicação da Legislação Internacional de Direitos Humanos em relação à Orientação Sexual e Identidade de Gênero.

Confira o vídeo completo a seguir.





Fonte: A Capa

Projeto Diversidade Sexual na Escola seleciona consultores

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O Projeto Diversidade Sexual na Escola está selecionando consultores para auxiliar na construção de material de orientação para educadores em Diversidade Sexual e de Gênero na Escola, com foco no currículo e na prática pedagógica. Como trabalho, os consultores terão de pesquisar referências bibliográficas, fazer um levantamento de materiais e atividades didático-pedagógicas e produzir textos que subsidiem a construção do material, relacionando a questão da diversidade sexual e de gênero a áreas curriculares específicas. Este relatório deverá ser entregue em até um mês após o início do trabalho.
REMUNERAÇÃO
Os/as selecionados/as receberão, como prestadores de serviço, uma parcela única de R$ 1.700 (mil e setecentos reais) no momento da entrega do relatório final. Essa consultoria não gera vínculo empregatício.
COMO SE CANDIDATAR
Podem se candidatar pessoas com formação mínima de graduação (concluída), preferencialmente com especialização/mestrado/doutorado.
Os/as candidatos/as podem ser residentes do Rio de Janeiro ou não, desde que tenham amplo acesso a meios de comunicação digitais e eventual possibilidade para viagem.
Os/as candidatos/as devem enviar mensagem eletrônica para o endereço bortolini@pr5.ufrj.br colocando no assunto CONSULTOR + ÁREA A QUE SE CANDIDATA e em anexo a seguinte documentação:
- Dados pessoais (constando inclusive endereço e telefone)
- Currículo atualizado (modelo lattes)
- Pequeno ensaio de até 2 laudas + bibliografia, explanando sobre as possibilidades de trabalho didático-pedagógico da questão da diversidade sexual e de gênero na área curricular específica a que está se candidatando.
A documentação pode ser enviada até dia 21 de novembro de 2010. A previsão é que a divulgação dos resultados ocorra no início de dezembro.
VAGAS
01 Área curricular: Ciências Sociais (ensino fundamental e médio)
01 Área curricular: Ciências Biológicas (ensino fundamental e médio)
01 Área curricular: Língua Portuguesa, Literatura e Redação (ensino fundamental e médio)
01 Área curricular: Ciências Exatas (ensino fundamental e médio)
01 Área curricular: Educação Física
01 Área curricular: Artes (plásticas, digitais, musicais e cênicas)
01 Área curricular: Educação Infantil
Dúvidas e informações: (21) 2598-1892
Projeto Diversidade Sexual na Escola
Universidade Federal do Rio de Janeiro
(21) 2598-1892 (21) 2598-9695

Carta do I Encontro Nacional de Pesquisa em Diversidade e Direitos Humanos

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Carta do I Encontro Nacional de Pesquisa em Diversidade Sexual e Direitos Humanos

Campinas, 09 e 10 de outubro de 2010


Nós, pesquisadoras/es reunidas/os no I Encontro Nacional de Pesquisa em Diversidade Sexual e Direitos Humanos, realizado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) entre os dias 09 e 10 de outubro de 2010, defendemos como fundamental e estratégica uma aliança na abordagem teórica e política das questões feministas e LGBT, por entendermos que as dimensões de sexualidade e gênero estão entrelaçadas de forma indissociável.

Assim, recomendamos a implementação das seguintes propostas relativas aos direitos sexuais e reprodutivos:

1.   Descriminalização do aborto como questão de saúde pública;

2. Igualdade de direitos na esfera pública entre casais de pessoas do mesmo sexo e heterossexuais (casamento, adoção, reprodução assistida);

3. Despatologização da transexualidade, garantindo-se direitos assegurados no campo das políticas públicas, especialmente na área da saúde;

4. Garantia dos direitos civis para transexuais e travestis, tais como o reconhecimento legal do nome social – inclusive o reconhecimento no âmbito da universidade, nos currículos gerados a partir da Plataforma Lattes e nas ferramentas de pesquisa -, dos direitos conjugais e de adoção;

5. Combate à homofobia, ao racismo e ao machismo nas variadas esferas sociais (mídia, escola, saúde etc);

6. Apoio à criação imediata de um comitê de gênero e sexualidade no CNPq e incentivo à produção de conhecimento nessas áreas através de linhas de financiamento a projetos, pelas agências de fomento estaduais;

7. Que o repasse de recursos e financiamentos a pesquisas nas áreas de gênero e sexualidade se realize com editais de ampla visibilidade e a partir das agências de fomento a pesquisa.

Assinam esta carta:

Área de Pesquisa Diversidade Sexual, Poder e Diferença – Núcleo de Estudos de Gênero – PAGU/UNICAMP
Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos – CLAM/Instituto de Medicina Social/UERJ
Diadorim – Núcleo de Gênero e Sexualidade/Universidade do Estado da Bahia
Grupo de Estudos de Educação e Relações de Gênero – GEERGE/Faculdade de Educação/UFRGS
Grupo de Pesquisa Corpo, Identidades e Subjetivações – Programa de Pós-Graduação em Sociologia/UFSCar
Grupo de Pesquisa em Cultura e Sexualidade – CUS/Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura – CULT/UFBA
Laboratório de Pesquisas em Etnicidade, Cultura e Desenvolvimento – LACED/Museu Nacional/UFRJ
Mandacarú – Núcleo de Pesquisa em Gênero, Saúde e Direitos Humanos/UFAL
Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT – NUH/UFMG
Núcleo de Estudos sobre Marcadores Sociais da Diferença – NUMAS/Departamento de Antropologia/FFLCH/USP
Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividades – NIGS/UFSC
Núcleo de Pesquisa em Antropologia do Corpo e da Saúde – NUPACS/Instituto de Filosofia e Ciências Humanas/UFRGS
Núcleo de Pesquisa em Sexualidade e Relações de Gênero – NUPSEX/Instituto de Psicologia/UFRGS
Núcleo de Pesquisa em Sexualidade, Gênero e Subjetividade – NUSS/Departamento de Ciências Sociais/UFC
Núcleo de Pesquisa sobre Sujeito, Interação e Mudança – NUSIM/PPGAS/Museu Nacional/UFRJ
Observatório de Sexualidade e Política/ABIA
Projeto Diversidade Sexual na Escola/UFRJ
Ser-Tão – Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gênero e Sexualidade/UFG

 

Outros grupos e núcleos que queiram apoiar a iniciativa podem entrar em contato através do email diversidadesexual.pagu@gmail.com até a data de 30 de novembro.

Frente Blogueira LGBT

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